terça-feira, 28 de abril de 2015

Os Bichos da kalandraka


Pequenos, grandes, elegantes, gulosos, sabichões... Diferentes, mas todos magníficos e deslumbrantes! Falamos dos bichos e bicharocos que a Kalandraka tem trazido para Portugal nos últimos meses.


Quando nos aproximamos de Quem é esse bicho, da autoria da espanhola Carmen Queralt, vemos um livro habitado por simpáticas e divertidas criaturas,  bem ao jeito do imaginário dos leitores mais pequenos.


Carmen Queralt, cujo trabalho podem conhecer melhor aqui, é uma autora que nos encanta com um mundo povoado de figuras que, de alguma forma, sempre nos fazem lembrar o universo da genial Květa Pacovská.


O livro revela-se um lugar repleto de magia, onde os mais pequenos coabitam com a diversidade, observando as especificidades de cada um destes seres. A surpresa chega quando descobrem que, afinal, o papel principal da história lhes está reservado. 


Cartonado, de cantos arredondados, cores alegres, letra maiúscula, tamanho adequado aos seus destinatários... Quem é esse bicho tem a quantidade de açúcar necessária para que os mais pequenos não dispensem prová-lo. 



Num registo diferente, outros bichos foram chegando. Queridos Extintos é uma belíssima  homenagem de Arianna  Papini a vinte animais que se encontram em vias de extinção ou, nalguns casos, já não existem. 

Através de um pequeno texto em rima, cada animal deixa o seu testemunho. Descrevendo-se si próprio,  aos seus costumes e habitat, vai levando o leitor a reflectir sobre as agressões de que foi, ou ainda é, vítima.

Uma reflexão que se prolonga e nos inquieta a cada olhar dos retratos realistas que Papini escolheu para ilustrar este livro de uma beleza ímpar.

Deixaram de galopar nas pradarias e nas savanas, já não sulcam os céus, jamais voltarão a nadar nos rios e nos oceanos.

                                                                                                                             E porque é deles (animais) que falamos, chega agora às livrarias Cor Animal, de Maya Hanisch e Agustín Agra.                                   

São mais de trinta, os fantásticos e originais animais que nos chegam de diversos lugares do mundo. Um polvo-de-anéis-azuis, um bodião-de-cauda-amarela, uma patola-de-pés-azuis ou um caracol-pintado são apenas alguns exemplos dos magníficos exemplares que habitam o livro.

 

Com um texto curto e simples, como convém aos leitores mais pequenos, são-nos descritos hábitos, habilidades e algumas curiosidades. A apresentação completa-se através das ilustrações de Maya Hanisch, alicerçadas  num soberbo trabalho de colagem onde descobrimos, entre outros,  recortes de jornais e revistas, selos, carimbos e até pedaços de tecido.



Como o próprio título indicia, a cor ocupa lugar de destaque, conferindo ao livro uma genuína beleza cromática.


A lembrar um outro livro fascinante, a Zoologia Bizarra, de Ferreira Goulart,  editado entre nós pela Caminho.


Tragam os miúdos e apanhem boleia. Esta é uma singular e deslumbrante viagem pela biodiversidade. 


Em jeito de agradecimento à Kalandraka, sempre diremos que, se tivéssemos de escolher um destes livros... Escolhíamos os três!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A liberdade está a passar por aqui

Ilustração retirada do livro Romance do 25 de Abril, com texto de João Pedro Mésseder e ilustrações de Alex Gozblau.

Eu Acredito


David Machado parece determinado a aumentar o nosso índice médio de felicidade. Desta feita, numa preciosa parceria com Alex Gozblau. Eu Acredito é um daqueles livros que nos acompanha pela casa toda durante vários dias.


Eu acredito é o mote para a estrutura repetitiva do texto que, de forma metafórica e poética, a cada página desafia a memória de uma infância já vivida e desperta a magia de algo que está por acontecer.


Uma magia espelhada e redimensionada nas ilustrações de Gozblau, que nos conduzem por um universo misterioso e algo fantasmagórico. À semelhança do protagonista, nunca deixamos de procurar o que suspeitamos estar escondido.


O menino que acredita é um menino que, às vezes, parece homem.  Enverga roupas que não são de agora e vive rodeado de móveis e objectos de um indecifrável passado. Por companheiro, tem um gato preto. Com eles, visitamos um tempo que, tal como a crença, não tem idade.


O gato parece assumir papel de mero espectador, quase sempre adoptando a mesma postura do rapaz, mas há momentos em que se nos afigura a personificação da própria crença.

Eu acredito que os fantasmas acreditam que eu também sou fantasma. 

Um fantástico jogo de sombras contrasta, na perfeição, no azul escolhido por Alex Gozblau para retratar o enigmático, o inquietante, o mágico... 

Eu acredito que à noite, para adormecer, os carneiros contam pessoas.

Talvez seja essa inquietude que, ao mesmo tempo que nos impede de fechar o livro, nos recorda Edward GoreyO papel de parede, os cortinados, os móveis austeros, os retratos de parede e até alguns traços fisionómicos do rapaz...


Um livro magnífico, onde é possível acreditar que dentro do escuro há monstros, mas também há fadas. Que os peixes podem nadar até à lua.  Ou até na força do sopro dos gigantes que vivem do outro lado do mundo. 


Nós acreditamos. Em livros que genialmente nos desassossegam!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Bom Fim de Semana


 Isidro Ferrer


Patologic(o)mente Magníficos

Chegam sempre aos pares! São os livros da colecção Imagens que Contam, editada pelo Pato Lógico


Bernardo Carvalho e João Fazenda são os ilustres contadores que se juntam a André da Loba, Marta Monteiro, Afonso Cruz e Catarina Sobral. Que luxo!


Verdade?! tem a assinatura de Bernardo Carvalho e conta a história de um pescador e do seu cão que vêem uma inesperada tempestade transformar um normal e tranquilo dia de pesca num pesadelo. 


A fúria do mar agiganta-se e os perigos surgem de vários lados.


Por entre monstros marinhos e relâmpagos, tudo parece irremediavelmente perdido. Mas um surpreendente final da história acaba por revelar o contrário. Verdade?! Bom, pelo menos, é o que conta o nosso pescador...


Uma história que nos fez lembrar... as de um velho pescador que nunca nos cansávamos de  ouvir. A intensidade com que as contava levava-nos mar dentro, enfrentando monstros e perigos vários, com a mesma determinação e coragem que sempre lhe encontrávamos na voz. Depois, durante dias, a pergunta roía-nos… Verdade?! 


Praia mar,  mares revoltos... Bernardo Carvalho já nos habituou a deixar-nos sem palavras.


Shall  we dance? 



A pergunta impõe-se assim que abrimos Dança, o livro de João Fazenda.


A vontade é muita, mas não parece suficiente. O contraste é óbvio. Visível  nas formas e nas cores.  Ela é uma exímia dançarina. Ele, o que vulgarmente se chama "pé de chumbo".



O mundo em que vivem não é seguramente pintado com as mesmas cores. O dela é pincelado de cores quentes e alegres. O dele, é cinzento e pesado.


Nada que a música e o amor não consigam transformar...


Shall we dance?


Nós já rodopiamos, à espera do próximo par. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Travalengas



Trava-Línguas e Lengalengas e outras coisas de rimar que sem nos travar as línguas nos querem desafiar. O que é? É o Travalengas, recentemente editado pela Booksmile, com texto de José Dias Pires e ilustrações de Catarina Correia Marques.


Entre zuns e zins, há abelhas engenheiras que, munidas de dicionário, fazem exame a colmeias estrangeiras. Há um caracol encaracolado a correr no costado de um crocodilo cansado. 


Há pombos ciclistas que decidiram sair do pombal para andar de bicicleta e acelerar no quintal... 


Há até uma tartaruga gigante que é, afinal, um hotel elegante. E muito, muito mais...


Ao texto imaginativo e divertido de José Dias Pires juntam-se as não menos imaginativas ilustrações de Catarina Correia Marques, com uma paleta de cores vivas e alegres, tão do agrado dos mais pequenos. 


Tirando partido do fundo branco, as ilustrações estendem-se a cada dupla página, dividindo com o texto uma harmoniosa e inteligente ocupação de espaços.


O resultado é um livro deliciosamente apelativo, para onde apetece saltar com as crianças. E ficar por lá, a borboletear, enquanto elas repetem, vezes sem conta, tanta coisa de rimar. 


Caixinha de surpresas?  Só para quem (não) sabe... o que está lá dentro. 







Então? Travalengamos?